quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Comer, amar e rezar



Há pessoas que gostam de cozinhar. Realmente curtem todo o processo envolvido, desde ir a feira ou mercado e dedicar um bom tempo a escolher os produtos, buscar melhores preços, pechinchar por descontos. E sentem prazer em preparar os alimentos todos, criando, inovando ou mesmo seguindo receitas à risca. Essas pessoas amam fazer isso, e para elas esse tempo é um ganho em suas vidas, pois alem de envolver uma necessidade (alimentação) também é fonte de prazer, satisfação, lazer, entretenimento.
Contudo, há quem não goste de nada disso, ou de algumas partes deste processo. Há quem deteste ir ao mercado e deixa para fazer isso uma vez or mês, para evitar o aborrecimento constante. Há quem não goste de cozinhar e o faça por obrigação ou falta de escolha, e prepara o que há de mais básico, preferencialmente em grandes quantidades para congelar e passa a semana apenas requentando a comida para não precisar gastar tempo com o preparo de refeições. Essas pessoas gostariam de ter mais tempo para fazer outras atividades, e por isso tentam economizá-lo da forma que lhes for possível. Mesmo que isso inclua consumir muitos industrializados, processados ou fast food.
E além disso, há quem não tenha escolha. São as pessoas que fazem compras e cozinham, pois além de si precisam alimentar sua família. E em nossa sociedade esse papel é claramente relegado às mulheres, especialmente as mães. Independente se elas se encaixam no primeiro ou no segundo grupo, elas tem que fazer.
Sim, há famílias onde a participação de outras pessoas nesse processo é ativa e real. Mas, fazendo um apelo estilo Mike Moore, "saia da sua bolha!". A realidade da maioria das famílias do planeta, não corresponde a afirmação acima.
Podemos mudar isto, com tempo, paciência, ativismo, militância, conscientização, educação, etc. Mas vai levar tempo. E até lá, vamos considerar que pode ser libertador entender que se você não pertence ao primeiro grupo de pessoas que citei acima, então não tem nada de errado em por vezes fugir do ideal da alimentação da família e optar por algo que você, e só você, considere mais fácil e prático para sua vida naquele momento.
Obviamente que não podemos esquecer que a saúde das crianças é importante e primordial, e que por isso deve ser cuidado, especialmente via alimentação adequada. Isso não significa, porém, que vez ou outra uma comida que não seja "de verdade" vá ser extremamente prejudicial. Especialmente se o tempo economizado no preparo daquele alimento foi utilizado para dar atenção, carinho e amor à família, de outras formas.
Portanto, sejamos cuidadosos, sim, com o que comemos e oferecemos. Mas não nos deixemos cair em desespero na busca por atingir um ideal que não corresponde a nossa realidade, amém!

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