segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Relato de violência

"Estava sozinha, nua, amarrada em uma cama com as pernas abertas, com muita dor, fome e sede. Abandonada, me negavam água e comida. Me gritavam que parasse de gemer e faziam piada com meu estado. Vez ou outra entravam grupos de pessoas que introduziam seus dedos e outros objetos em minha vagina. Ninguém me dirigia a palavra senão para ofender-me e mandar-me calar."


Esse trecho é uma composição feita por mim com as mais frequentes frases que eu lei em relatos. Relatos de que? Estupros? Não, relatos de parto mesmo.

Isso, e outras coisas, se chama violência obstétrica. Acontece rotineiramente em todos os hospitais maternidade onde uma mulher chega dando à luz a seu bebê. E é contra isso que eu luto! Porque violência obstétrica é violência de gênero, é violência sexual, é violência!

Uma mulher em trabalho de parto tem o direito de estar acompanhada por quem ela quiser, o tempo todo, de ficar na posição que lhe for mais confortável, de se alimentar e saciar sua sede como lhe convier e ainda de ser informada sobre todos os procedimentos que lhe serão feitos, e que só poderão ser feitos com seu consentimento.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Alguns fatos sobre amamentação

O bebê quando nasce possui o estômago do tamanho de uma bolinha de gude, ou seja, aquele pouquinho de colostro que pinga do seu peito é mais que suficiente para encher a barriga dele. 

Ah, mas ele chora muito? Pois é, ele estranha o mundo, ele sente frio, calor, sono, cansaço, carência, medo, angústia, etc. São muitas coisas que um bebê sente não só fome!

Para solucionar quase todas elas o peito serve. Deixa sugar, contato pele a pele, carinho, conforto, acnchego, regulagem de temperatura pelo corpo da mãe, etc. Portanto, o bebê ficar pendurado no peito nada tem a ver com estar com fome e precisar de complemento! Ele precisa de você, do seu colo e do seu seio, e das poucas gotas de colostro que suga do seu seio.

O bebê nasce com reflexos que o auxiliam na amamentação, mas hoje em dia com as separações precoces para medir, pesar, tomar banho, ficar em berço aquecido e o escambau, além das medicações usadas durante o parto ou cirurgia, o bebê pode perder esses reflexos. E aí é preciso ensinar tudo, como abocanhar o seio, como sugar corretamente. Ou seja, o sistema atual atrapalha, mais que ajuda, o estabelecimento da amamentação.

Como resolver? Solicitar enfaticamente que ao nascer o bebê deve:
1: ir direto pro colo e seio da mãe
2: ficar ali o tempo que for necessário (ou seja, todo o tempo!)
3: banho, peso, medidas, exames invasivos não são necessários para TODOS os bebês, pode ser que haja necessidade por alguma EXCEÇÂO, mas a regra geral é: nasceu precisa da mãe, do colo da mãe, do cheiro da mãe, do toque da mãe, do calor da mãe, do seio da mãe!

Nossa, mas que coisa né? A mãe deixa de ter vida pq teve o bebê? Claro que NÂO! Mas os 3 primeiros meses são como uma extensão da gestação. Você não deixou de ter vida porque estava grávida, deixou?
Pois bem, nos 3 primeiros meses, pelo menos, incorpore a marsupial dentro de você, e carregue seu filho consigo todo o tempo possível!

Cansa? Claro que cansa, quem falou que seria fácil? Que seria só o lado bom? Cansa mas é uma delícia! E vai por mim, cansa mais amamentar toddler, rs!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Os contos de fadas e a moral

Minha filha gosta de assistir a um desenho chamado Super Why, onde os personagens (relacionadas aos contos de fadas) quando têm algum problema pessoal,pedem ajuda dos amigos que formam um time (os super readers, super leitores em português) que entram em uma história de contos de fadas para lê-la e descobrir qual o ensinamento que aquela história pode passar a eles e ajudar com a solução do problema.

Pois bem, notei que em quase todos os episódios eles mudam a história, mudando assim, seu final e sua moral.

Na história da galinha que pede ajuda aos outros animais para fazer um pão, e ninguém a ajuda e ela tem que fazer tudo sozinha, quando o pão fica pronto todos querem comer e a moral da história ensina: eles não poderão desfrutar do pão, já que não ajudaram em nada a fazê-lo!

No desenho, os super leitores acham por bem que os demais animais ao menos ouçam ao que a galinha está pedindo, pois se ela explicar porque precisa de ajuda, eles poderão ponderar sobre se a ajudarão ou não. E no final todos fazem o pão juntos e dividem o mesmo. A moral aqui fica assim: Se todos ajudarem poderão colher os frutos.

No fundo é a mesma coisa, certo? Mas a abordagem é que difere um final de outro. Ao invés de ensinar que se não ajudar não desfruta, ensina que é importante ajudar, pois só assim desfrutará do resultado.

Fiquei pensando em outras histórias que conheço de contos de fada, e em como hoje em dia a abordagem para ensinar s valores éticos às crianças mudou. Agora utilizamos de uma abordagem positivista que visa sempre o bem comum, e não aquela pessimista que pune para ensinar.

E vocês o que acham?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Trabalho de Dedicação Exclusiva - uma metáfora sobre criação dos filhos

Imagine que você recebeu uma super oportunidade profissional. Seu chefe te encarregou de fazer a adaptação de um novo funcionário da empresa, um estrangeiro oriundo de um país pouco desenvolvido, que até então habitava uma tribo e andava seminu.

Ele chega para fazer parte da companhia em que você trabalha, e lhe é incubido, o que você aceita com muita empolgação e felicidade, tornar a adaptação deste novo funcionário à empresa, ao país e etc. o mais tranquila e fácil possível.

A primeira coisa que você faz ao conhecê-lo é certificar-se de que ele saiba o quanto você está feliz pela sua incubência e em descrever como o processo de adaptação se dará, de acordo com inúmeros estudos prévios que você fez sobre o assunto. Mas, ele ainda não fala sua língua e nem você a dele. Todo o seu blá blá blá informativo não passou de uma mensagem perdida que não atingiu seu interlocutor.

O estrangeiro tenta lhe dizer alguma coisa, e utiliza-se de gestos, ruídos, mas você não o compreende. Nem os gestos usados lhe são familiares. Ele está com fome? Quer ir ao banheiro? Está feliz em me ver? Afinal, o que ele quer? Do que ele precisa?

Você conclui, então, que para facilitar as coisas entre vocês será preciso que estabeleça-se uma comunicação eficaz,e  para isso você precisa aprender um pouco do idioma dele e ensiná-lo, com paciência, o seu. Mesmo a comunicação gestual precisa ser comum aos dois, para que você não fique oferecendo comida toda vez que ele sentir necessidade de ir ao banheiro ou dormir, certo?

Ora, isso leva tempo. Por mais facilidade que vocês possam ter em aprender coisas novas, todo aprendizado é um longo caminho a ser percorrido.

Pois bem, essa é sua tarefa, guiá-lo ao seu mundo, ensinar-lhe sobre sua cultura, seus hábitos, aprender a ler os sinais de necessidades dele, etc. Exige tremenda paciência, mas você pensa no quão compensador pode ser esse aprendizado pra você também, e isso te motiva.

Por vezes você pensa em desistir, acha que não dá conta, pensa em contratar alguém para solucionar alguns dos problemas pra você, mas essa é a SUA tarefa! Lembra-se? Você a aceitou com emplogação e felicidade? Então busque dentro de si mesmo essa empolgação e felicidade toda vez que o desânimo bater na porta.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O que é esse tal de parto humanizado?

Quando me perguntavam, antes mesmo de engravidar, se eu gostaria de ter meus filhos por parto normal ou cesária, eu defitivamente respondia que preferia normal.

Quando me vi grávida pela primeira vez, eu tratei de buscar um profissional que me garantisse um parto normal. Nessa busca, eu descobri o Parto Humanizado. Parto Humanizado é um termo para designar o tipo de atendimento ao parto. Não é um tipo de parto.

O Parto Humanizado preconiza que parturiente (mulher que está parindo) e bebê sejam atendidos com respeito, de forma humana. Mas por que? Qual a diferença do atendimento padrão dos partos normais?
Um parto normal tradicional, no modelo obstétrico atual, medicalocêntrico e hospitalocêntrico foca em resolver logo o problemão que é o parto, esse mistério da natureza coberto de riscos. Por que? Porque os médicos obstetras se formam em faculdades de medicina de alto risco, e acompanham todos os dias em seu treinamento profissional os partos de alto risco, ou seja, cheio de possibilidades de não dar certo e acabar em intervenções e cirurgia.

Porém, quando acompanham os partos de baixo risco (Todo parto tem um mínimo de riscos!), o tratam com o mesmo teor do que um parto de alto risco e, portanto, não aprendem que não precisam intervir na maioria dos nascimentos.

O parto é fisiológico, e segundo a OMS 85% das mulheres tem condições de parir, obrigada. Somente os 15% restantes precisarão de uma cesárea, devido a intercorrências durante o parto ou a gestação que impossibilitem o nascimento de forma natural. São partos esses que precisam de atendimento médico.

Sim, a maioria das mulheres nem precisa de um médico as acompanhando durante o parto, esse papel pode (e deveria) muito bem ser realizado por uma parteira. A parteira pode tanto ser uma Enfermeira especializada em Obstetrícia ou uma Obstetriz (formada por um cursos específico para acompanhar partos de baixo risco).

O parto humanizado portanto não tem que ser domiciliar, não tem que ser na água, não tem que ter música de fundo, não tem que ser de cócoras ou de quatro. Ele será como a mulher que está parindo achar que deve ser, no momento em que ele estiver ocorrendo.

Eu por exemplo nem quis saber de água, música, nada disso. Apesar de ter pedido a banheira e de ter montado uma playlist especialmente para o momento. Não teve incenso, não teve vela.

Não precisa nada disso!

O que precisa para um parto ser humanizado? Respeito. Respeito ao corpo da mulher, respeito às suas vontades, respeito a sua liberdade de se movimentar e de escolher a posição que lhe seja mais confortável para parir. Respeito ao bebê que nasce. Respeito ao momento, à natureza do ato.

Parto humanizado, tem esse nome pois remete ao lado humano das relações, remete ao tratamento humano à mulher e ao bebê. Pois no modelo atual, eles se assemelham mais a produtos numa linha de produção.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Maternagem Minimalista parte 1

Há algum tempo vejo rolar um movimento tímido entre as mães de grupos virtuais dos quais faço parte que tende para o minimalismo da maternagem.

E o que isso significa? Que foca-se no bem-estar da criança e da família sem levar em consideração luxos e supérfluos que não precisam ser parte desse mundo da maternidade.

A começar pela gestação e estendendo-se pela vida da criança, desde suas festas de aniversário, brinquedos e decoração de seu quarto.

Quando uma mulher se descobre grávida, o segundo pensamento (porque o primeiro é geralmente de felicidade ou desespero ou os dois juntos) é uma preocupação com o rombo no orçamento doméstico que o filho poderá causar.

Os pais já começam a pensar na quantidade de coisas que terão que comprar para que seu filho tenha uma vida bacana, certo?

Pois alguns casais ponderaram sob o ponto de vista de uma criança (baseado em estudos de pedagogos, psicólogos, pediatras e outros pesquisadores) em que consistiriam as necessidades dessa criança e o que é exagero.

A princípio a fim de ser econômico e até ecológico, mas no final a motivação principal é a mesma do início: o bem-estar da criança.

O primeiro impulso da maioria das mulheres ao se descobrir grávida é comprar enxoval e decorar o quartinho do bebê. Pois bem, depois de nascida a criança muitas notam que grande parte das coisas adquiridas nessa fase se mostra desnecessária.

Um enxoval básico, minimalista, deve conter roupas (tanto para frio, como para calor, independente da época do ano, já que o aquecimento global tratou de deixar o clima maluco), panos para enrolar o bebe ou limpá-lo, algum oleo vegetal sem perfume para massagens, fraldas e só.

Partindo do princípio que amamentar no peito é mais minimalista que dar mamadeira (além das outras razões óbvias de saúde), vc não precisa comprar de antimão mamadeiras, chupetas, bicos, latas de formula lactea, etc. Se houver a necessidade algum dia disso tudo, sempre tem uma farmacia 24 horas em algum lugar! Do contrario, dá pra esperar a manhã seguinte pra comprar, enquanto isso vc aproveita pra insistir na amamentação, liga pruma consultora ou enfermeira pra te ajudarem a identificar o que pode estar causando algum problema.

Usar fraldas de pano também é encômico, ecológico e minimalista, considerando que você vai comprar umas 30 fraldas na sua vida para todos os filhos que vc vier a ter desde recém-nascidos até o desfralde. Apesar de terem mulheres que não se adaptam a rotina de lavagem das fraldas, o que torna tudo um pouco mais complicado, nesse caso as fraldas descartaveis são a única opção mesmo.

Os carregadores ergonômicos de bebes são minimalistas, pq são mais baratos e ocupam pouquíssimo espaço. Além disso priorizam o contato da mãe com o bebê e facilitam a amamentação. É claro que você pode ter um carrinho também, se não se adaptar a usar o carregador, mas seu bebê vai querer colo de qualquer jeito e você provavelmente acabará empurrando o carrinho com suas bolsas dentro com uma mão só, enquanto segura o bebê no colo com a outra.

Essas atitudes minimalistas servem para nos fazer refletir a real necessidade da maioria dos produtos para mães e bebês comercializados hoje em dia. No próximo post daremos seguimento ao assunto...

sábado, 28 de julho de 2012

De como é ser mãe de uma criatura de 2 anos e meio

Hoje de manhã, ao acordar, Luisa desceu da cama sozinha, foi até o banheiro e pegou o seu banquinho sozinha, o carregou até a cozinha, subiu para alcançar a cesta de frutas no balcão americano, sozinha e recusando ajuda. Pegou uma banana, e quando foi abri-la a banana se quebrou. Aí ela começou a chorar e a chorar e a chorar e não havia nada no mundo (nem outra banana inteira) que a acalmasse. Deixei passar. Ela se acalmou sozinha, pegou a outra banana e comeu inteira enquanto ria e brincava. Pois outro dia, ela acordou com fome e começou a chorar, e chorar e só chorava, perguntei se estava com fome e mais choro,perguntei se queria banana e mais choro. Peguei a banana e dei na mão dela, banana voou e a criança continuou chorando. Me lembrei da minha RN chorona, que só parava de chorar quando eu finalmente descobria o porque de tanto choro. Era sua única forma de comunicação. Ela parou de chorar quando eu descasquei a banana e dei na boca dela. Pois é essa inconstância, ora grande demais , ora muito pequna que representa bem o que é ser mãe de uma criatura de 2 anos e meio. É um treino para o futuro próximo, da criança independente, e ao mesmo tempo um adeus para o RN limitado e totalmente dependente.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Saudades de um Recém Nascido em Casa

Vivo um momento delícia! Filhota está uma mocinha, independente e exploradora. Ao mesmo tempo eu fico querendo apertar, morder, beijar, abraçar e nem sempre ela quer, né?
Nesses momentos, em que, como diz uma amiga, me dá crise de amor eu me pego reminiscendo minha RN pequitica que só ficava no colo, no sling, durmindo coladinha comigo, pendurada no peito.

Era tão cansativo, tão estressante, tão emocionalmente esgotante, mas era lindo! Era eu me apaixonando, aprendendo a conviver e cuidar de outro alguém, aprendendo a amar de verdade!

E aquele cheirinho? O que é o cheirinho? O que é o calor do corpo de um bebezinho?

Tá dando pra desconfiar que meu relógio biológico apitou, né? Pois é, a idéia sonda nossas cabeças sim, quase querendo se concretizar. Mas dessa vez a gente quer acertar tanta coisa antes, porque conhecemos as reais dificuldades pelas quais passamos ( e não, financeira nem chegou perto de ser uma, pq não precisamos comprar quase NADA!)

A gente pensa no pré-natal. Pensa no parto. Ah o parto! Esse preocupa tanto! Chega a tirar o sono. Pensa na amamentação, pensa nas fraldas de pano (vamos tentar de novo? Ou vamos tentar nem usar fraldas? Desafiar nossa capacidade de nos comunicar com nosso RN?).

A certeza única que eu tenho é que o amor da nossa família só va se multiplicar ainda mais e isso é inspirador!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Casa nova

Este é meu enésimo blog. Eu gosto da idéia de dividir meus pensamentos com o mundo há alguns anos e já escrevi sobre uma enormidade de temas. Dependida, é claro, de cada momento da minha vida.

Porém, desde que me tornei mãe, eu mantive um tumblr semi abandonado (o http://sonrisadeluisa.tumblr.com/) onde eu pretendia contar todas as peripécias dessa aventura, mas só o fato de ter que cuidar da cria não me permitia regitrar tudo por escritinho como eu queria!

Hoje, a Luisa aí do tumblr já tem 2 anos e 7 meses e já se vira sozinha pra muita coisa, o que me rende tempo pra pensar em bobagens escrever, e me inspira pois é uma criança semi-mocinha capaz das mais fofinhas, graciosinhas e irritantizinhas coisas.

Com isso, eu fiquei com vontade de criar um espaço novo para dividir isso e muito mais! Trocar idéias sobre a maternagem, e em como a gente tem que fazer cara de paisagem para a palpitação alheia (que pretende sempre saber mais que você mesma da sua vida, da vida do(s) seu(s) filho(s) e de toda a sua dinâmica familiar, é claro!), por isso o nome Maternando e andando, uma clara referência áquela fomosa expressão cunhada por Jhonny Walker após um tomar um Activia!

É isso, sejam bemvindos a bordo!