sábado, 1 de fevereiro de 2014

A criação com apego

Eis que participando do grupo no Facebook "Criação com Apego" vejo um convinte do Thiago Queiroz, autor do blog "Paizinho, Vírgula" a escrever um relato sobre a criação com apego de crianças maiores, que já passaram a fase de bebês.

Se é que é fácil separar um bebê de uma criança no coração de uma mãe, não é?

Mas enfim, relato breve parido, o Thiago publicou lá no blog dele, e eu trago para cá.

Para ler o post completo do Thiago, clique aqui.


Sou Mariana, 29 anos, atuo hoje como consultora em amamentação e babá. Modero o GVA (Grupo Virtual de Amamentação) e a GPM (Gestação, Parto e Maternidade) no Facebook. Tenho um blog que anda parado, mas que pretendo retomar assim que minha vida de mãe apegada de dois deixar, o Maternando e Andando.
Minha filha mais velha, Luisa, tem hoje 3 anos e dez meses de idade e foi criada com apego desde a barriga. Começou com a minha busca por um parto respeitoso e não violento pra mim. Por volta dos 7 meses de gestação, já tendo tudo certo para o parto, foi que descobri todas as intervenções desnecessárias feitas de rotina em recém-nascidos, e me chocou. Passei então a buscar assistência humanizada também de um neonatologista.
A partir daquele momento, o bem-estar do bebê era mais importante que qualquer outra coisa que eu tivesse me preocupado antes em relação ao parto. Principalmente após o nascimento. Encontrei uma pediatra muito receptiva, com quem tive que brigar só um pouco para ter meu plano de parto atendido, e que nos respeitou imensamente em todos os momentos (inclusive atendendo virtualmente, já que nos mudamos para outro país).
Algumas questões sobre a criação da Luisa passaram batidas num primeiro momento. É difícil termos acesso a todas as informações voltadas a primeira infância de uma só vez, especialmente enquanto estamos ocupados com a criação em si. Mas a maioria das decisões tomadas foi baseada em alguma evidência científica, recomendação de órgãos de saúde e educação, pesquisas, etc.
A amamentação foi difícil, tivemos diversas dificuldades e problemas, porém, com ajuda de grupos de apoio e dos profissionais de saúde aos quais tivemos acesso, conseguimos superar cada um deles, sem que não houvesse introdução de formulas lácteas ou mamadeira. Infelizmente, não resisti ao uso da chupeta. Apesar de saber que fazia mal, que não era nada bom, fui voto vencido, e enfraquecida pelo puerpério aceitei facilmente a derrota.
Assim foi também com televisão, brinquedos eletrônicos, entre outras coisas. Mas assim que eu descobria os malefícios, ou que me sentia fortalecida novamente, assumia a responsabilidade pelos erros cometidos e tratava de consertá-los.
Luisa era um bebê que demandava muita atenção e energia dos pais, especialmente da mãe. Continua assim ainda hoje. Procuramos atender todas as suas necessidades, sem medo de estar errando, pois nos parece plenamente necessário na criação de um filho.
Quando bebê isso significava: amamentar em livre demanda, fazer cama compartilhada, alimentar com alimentos saudáveis e feitos em casa, na quantidade que ela quisesse, realizar brincadeiras e passeios ao ar livre, na companhia de amigos ou só da família, e ofertar muito colo.
Ainda dormimos juntos, ela ainda demanda abraços, apertos de mãos e carinhos para adormecer e permanecer dormindo.
Temos uma cama para ela em outro quarto, para quando ela quer e se sentir pronta para ali dormir, o que ocorre algumas vezes.
Tanto seu desfralde quanto seu desmame ocorreram de forma gradual, respeitosa e espontânea. Mesmo que tenham acontecido fatores que possam ter influenciado (tanto para acelerar, quanto para atrasar) um ou outro, nunca foi tomada uma iniciativa visando conduzir ambos.
Fiquei com ela em casa até seus dois anos e 3 meses, quando por uma série de fatores, decidimos colocá-la em uma escola. Escolhemos aquela que parecia oferecer o mais próximo possível daquilo que acreditamos ser a melhor forma de lidar e educar crianças.
Hoje, percebemos que foi cedo para ela, mas na época foi necessário. Contudo, atualmente ela adora a escola, seus colegas e professoras.
Luisa possui uma personalidade marcante, é determinada, forte, corajosa e inteligente. Consegue se comunicar muito bem, é carinhosa, amorosa e exigente. Sabe bem o que quer e o que não quer e consegue expressar isto muito claramente. É pacifica na maior parte do tempo, mas como humana possui seus momentos de fúria que já aprendeu a controlar. Nessas horas tem se isolado em um canto de sua escolha até que se acalme e volte a interagir com as pessoas.
Ela, hoje, já conhece junkie food (especialmente chocolate e refrigerante) e aprecia. Porém, ainda mantemos controlado seu consumo, e explicamos que é para a própria saúde dela. Também gosta de assistir televisão, mas já entende que há momentos adequados para isso.
Gosta muito de brincar, especialmente de inventar brinquedos e brincadeiras. Prefere a companhia de pessoas, animais e plantas que de objetos.
Acreditamos que a pessoa que ela é e que continuará sendo é fruto de sua linda alma e da criação que recebeu.
O filho mais novo é o Pedro, de 6 meses. Como Pedro já nasceu em uma família com pais experientes no ofício de maternar/paternar, está apenas desfrutando do aprendizado que foi criar Luisa.
Cama compartilhada, amamentação em livre demanda, colo, desde sempre e com menos receio ainda. Na verdade, agora é fácil saber que este tipo de criação resulta em seres humanos melhores.
Obrigada pela oportunidade!


Via: Paizinho, Vírgula! :: http://paizinhovirgula.com/criacao-com-apego-e-o-bebe-que-ja-nao-e-mais-tao-bebe-assim/

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